quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Os inibidores de proteases e a guerra de marketing dos fabricantes

Os inibidores de proteases e a guerra de marketing dos fabricantes


É evidente que o potencial de vendas e lucros a cada novo medicamento para hepatite C que aparece no mercado é formidável, não podendo ser diferente de acontecer com os inibidores de proteases Boceprevir e Telaprevir já que eles aumentam grandemente a possibilidade de cura para os infectados com o genótipo 1.

Por isso, pacientes, médicos e governos devem olhar com cuidado as informações que estão sendo utilizadas na guerra de marketing pelos fabricantes do Boceprevir e Telaprevir avaliando criteriosamente tudo o que está sendo colocado.

Em casos assim o Grupo Otimismo cumpre a função de alertar informando corretamente o que está acontecendo. Não somente alertamos quando o governo não atua corretamente, mas também devemos evitar excessos dos fabricantes, se bem ainda não estão acontecendo, mas para que sirva como um aviso saibam que se necessário for colocaremos a "boca no trombone". Somos um grupo de portadores atuando na defesa dos infectados e mais ninguém.

Ninguém coloca em duvida que estamos diante de dois medicamentos excelentes, a tal ponto que um fabricante não fala mal do concorrente. Seja em congressos médicos, seja em apresentações para sociedades científicas ou até na apresentação realizada consultório a consultório pelos representantes e visitadores o respeito em relação ao concorrente é total, atuando nesse sentido com total ética, seja pela MSD ou pela Vertex (Janssen em alguns países).

A diferença se encontra quando falam dos efeitos colaterais e adversos dos concorrentes, tentando explicar que o "outro" apresenta muitos mais efeitos, em especial os adversos, e que isso é muito ruim para os pacientes e de difícil manejo por parte dos profissionais da saúde.

Observei isso durante o congresso ASSLD 2011 e confirmo que virou rotina falar sobre os efeitos adversos, como se fosse uma vantagem competitiva alertar sobre o que o "outro" inibidor de proteases pode causar.

Quando estão se referindo ao Boceprevir (Victrelis) o alerta é sobre a anemia que ele pode causar ao potencializar o efeito da ribavirina. Ao se falar do Telaprevir (Incivek ou Incivo) o alerta é sobre o "rash" que provoca um problema que agrava a tradicional desidratação do organismo causada pelo interferon. (O "rash" é uma erupção cutânea).

Após isso começa uma ladainha de informações, segundo qual for a empresa que está falando em relação a seu medicamento, sobre a facilidade de tratar a anemia ou de tratar o "rash" e dos problemas graves que cada uma dessas condições podem causar.

De inicio pensei que isso era puro marketing barato, mas ao me aprofundar no assunto, não somente do lado da praticidade e experiência dos médicos em cuidar de um paciente anêmico ou de um com "rash" e, estudando inclusive projeções de consultorias do mercado de ações, vejo que realmente o pessoal de marketing acertou no foco com que deve se acertar o alvo para atingir o concorrente.

Pessoalmente estimo que o consumo de um ou outro inibidor de protease irá se estabilizar num período entre oito e doze meses. Ao inicio os médicos irão experimentar os dois e depois decidirão de forma individual por aquele que para ele for o mais pratico de acompanhar o paciente. No final de 2012 saberemos quem estará ganhando a guerra comercial, ou qual deles e o melhor desde o ponto de vista da praticidade para o atendimento dos pacientes por parte dos profissionais da saúde.

Carlos Varaldo

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