terça-feira, 20 de agosto de 2013

Um assassino silencioso





De cada 100 infectados com a hepatite C

Entre 75 e 85% desenvolvem a infecção crônica 

permanecendo com o vírus durante toda a vida

Entre 60 e 70% desenvolvem doença crônica afetando o fígado

Entre 5 e 20 desenvolvem cirrose

Entre 1 e 5 morrem por culpa da cirrose ou do câncer 
no fígado

A hepatite C é silenciosa ou 
está silenciada?

Fonte: Centers for Disease Control and Prevention - USA

Curiosidades que acontecem durante o tratamento da hepatite C




Um dos efeitos mais comuns durante o tratamento da hepatite C com interferon é a sensação de um estado febril permanente nos pacientes. 

Pesquisadores encontraram que um aumento da temperatura do corpo entre 0,4º e 2º centigrados após a aplicação do interferon, atingindo seu pico máximo 12 horas após a aplicação é um sinal do efeito que o interferon está produzindo no organismo. 

A pesquisa foi realizada com 60 infectados, incluindo todos os genotipos, tratados com interferon peguilado alfa 2-a (Pegasys) e ribavirina. A temperatura era medida três vezes ao dia nas primeiras 24 horas após a aplicação do interferon. Diversos exames de sangue eram realizados para controlar a cinética de resposta ao interferon e comparados os resultados com os poliformismos (IL28B), exames esses que não comentaremos devido a sua complexidade científica. 

Concluem os pesquisadores que o aumento da temperatura após a aplicação do interferon está intimamente ligado com a resposta virológica. 

MEU COMENTÁRIO 

Não é de estranhar tal fenômeno já que se quando um vírus ocasiona uma gripe o organismo se defende aumentando a temperatura do corpo, também, já é conhecido que quando os indivíduos que nas primeiras semanas após a contaminação com a hepatite C apresentam sintomas, como cansaço, sensação gripal e olhos amarelos, são os que possuem maior possibilidade de eliminar o vírus espontaneamente, ficando curados, fato que acontece em aproximadamente 15% dos infectados. 

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Temperature Rise After Peginterferon Alfa-2a Injection in Patients with Chronic Hepatitis C is Associated with Virological Response and is Modulated by IL28B Genotype - Han H, Noureddin M, Witthaus M, Park YJ, Hoofnagle JH, Jake Liang T, Rotman Y. - J Hepatol. 2013 Jul 10. pii: S0168-8278(13)00451-0. doi: 10.1016/j.jhep.2013.07.004. 


Carlos Varaldo

A cada dia estamos mais perto de tratamentos da hepatite C sem necessidade do interferon



Uma publicação no "The New England Journal of Medicine" mostra que o tratamento da hepatite C no futuro não utilizará interferon, mas ainda não estamos lá quando falamos no tratamento do genótipo 1. Apesar de resultados promissores que mostram maiores possibilidades de cura, as taxas de respostas no genótipo 1 ainda não são as desejadas.

Brevemente o tratamento do genótipo 2 sem interferon com excelente possibilidade de cura será realidade e, provavelmente também no tratamento do genótipo 3. No tratamento do genótipo 1 os tratamentos serão mais toleráveis, de menor duração, mas ainda deverão incluir o interferon para se obter uma maior eficácia.

O ensaio clínico "SOUND-C2" de fase 2b incluindo 362 infectados com o genótipo 1 da hepatite C utilizou em regime oral, sem utilização do interferon, o Faldaprevir (um inibidor da proteases do vírus) uma vez ao dia combinando com o Deleobuvir (BI 207127 - um inibidor da polimerase do vírus) duas ou três vezes ao dia, dividindo os pacientes em grupos que recebiam dosagens diferentes e ainda, alguns recebiam também, ou não, ribavirina.

O grupo de pacientes infectados com o genótipo 1 da hepatite C que recebeu 16 semanas de tratamento obteve resposta sustentada de 59% na semana 12 após o final do tratamento, o que pode ser considerada a cura se o vírus não recidivar antes da semana 24. O grupo de pacientes que recebeu 28 semanas de tratamento obteve 69% de indetectáveis na semana 12 após o tratamento.

A ribavirina foi necessária, pois o grupo que realizou o mesmo tratamento sem ribavirina obteve somente 39% de possibilidades de cura.

Os infectados com o genótipo 1 sub-tipo 1b obtiveram possibilidade de cura 100% maior que os infectados com o sub-tipo 1a.

Dependendo do grupo de tratamento foram observadas taxas de interrupção do tratamento variando entre 5% e 25%. Os efeitos adversos mais comuns foram erupção cutânea, foto sensibilidade, náusea, vomito e diarréia.

MEU COMENTÁRIO

Os resultados devem ser observados com cautela, pois todos os pacientes eram brancos e não teve um grupo controle tratando pacientes com interferon e ribavirina, assim, os resultados obtidos podem não se repetir na população em geral.

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Faldaprevir and Deleobuvir for HCV Genotype 1 Infection - Stefan Zeuzem, M.D., Vincent Soriano, M.D., Ph.D., Tarik Asselah, M.D., Ph.D., Jean-Pierre Bronowicki, M.D., Ph.D., Ansgar W. Lohse, M.D., Beat M llhaupt, M.D., Marcus Schuchmann, M.D., Marc Bourli re, M.D., Maria Buti, M.D., Stuart K. Roberts, M.D., Ed J. Gane, M.D., Jerry O. Stern, M.D., Richard Vinisko, M.A., George Kukolj, Ph.D., John-Paul Gallivan, Ph.D., Wulf-Otto B cher, M.D., and Federico J. Mensa, M.D. - N Engl J Med 2013; 369:630-639



Carlos Varaldo

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

A transmissão sexual do vírus da hepatite C entre casais heterossexuais monogâmicos - Um novo estudo



O Departamento de Medicina da Universidade da Califórnia em San Francisco, Estados Unidos realizou uma pesquisa com o intuito de determinar se a hepatite C pode ser considerada uma doença sexualmente transmissível. 

Para tal selecionou 500 casais heterossexuais monogâmicos com relacionamento sexual de longo prazo nos quais comprovadamente somente um dos parceiros estava infectado com hepatite C. Não foram aceitos para inclusão casais em que algum se encontra infectado com HIV/AIDS, hepatite B, transplantados, ou utilizavam qualquer tipo de droga sendo todos informados de determinados comportamentos de risco que deveriam evitar durante a duração da pesquisa, como o de evitar compartilhar itens de cuidados pessoais cortantes ou perfurantes e não praticar sexo fora do matrimonio, pois atitudes desse tipo estariam comprometendo o resultado da pesquisa. 

Todos foram testados pelo RNA/HCV assim como realizaram testes do genótipos e do subtipo do genótipo. Os 1.000 integrantes da pesquisa tinham idades variando entre 26 e 79 anos de idade e o tempo de relacionamento sexual era entre 2 e 52 anos de atividade. 

No geral 4% dos parceiros estavam ambos infectados, representando 20 dos 500 casais, mas como somente 9 casais (1,8%) possuíam o mesmo genótipo e sub-tipo não poderia se atribuir a contaminação ter acontecido entre os parceiros discordantes, se descartando a transmissão sexual dos 11 com genótipos ddiferentes. 

Por seqüenciamento e análise filogenética para determinar a relação das sequencias das estruturas do vírus entre casais genótipo-concordantes foi encontrado que somente 0,6% dos casais eram altamente relacionadas, de acordo com a transmissão do vírus dentro do casal. 

Baseado nos 8.377 pessoas/ano de seguimentos da pesquisa, a taxa de incidência máxima de transmissão sexual da hepatite C foi de 0,07% ao ano, ou cerca da necessidade de 190.000 contatos sexuais para a possibilidade de transmissão sexual em casais heterossexuais monogâmicos. 

Concluem os autores que os resultados fornecem informações sobre o risco quantificado necessário para poder aconselhar casais heterossexuais monogâmicos em que um dos parceiros está infectado com hepatite C. Além do baixíssimo risco estimado de transmissão sexual entre os parceiros sexuais, a falta de associação com praticas sexuais especificas no grupo em estudo fornece mensagens de aconselhamento inequívocas e reconfortantes. 

MEU COMENTÁRIO 

Mais um dos tantos estudos já publicados nas mais conceituadas revistas científicas e apresentados nos congressos internacionais que comprova a baixíssima possibilidade de transmissão da hepatite C na relação sexual. Com mínimos cuidados, entre casais heterossexuais monogâmicos a possibilidade de contagio é tão insignificante que não deve se recomendar mudanças na pratica sexual como, por exemplo, recomendar o uso da camisinha. 

Óbvio que ela pode acontecer se existem condições especificas, como ferimentos nos órgãos sexuais dos dois parceiros, ou se a mulher infectada está no período da menstruação e o homem com ferimentos no pênis, se existem doenças sexuais, como HIV, hepatite B, gonorreia e outras que possam facilitar uma possível transmissão do vírus da hepatite C, quando em todos esses casos a proteção com o preservativo deve ser indicada e até obrigatória, assim também quando o ato é praticado com um profissional do sexo. 

Mas não por isso pode a hepatite C ser considerada uma doença sexualmente transmissível, em especial pelos responsáveis da saúde e profissionais de medicina. Passar desinformação demonstra ignorância e desconhecimento científico daqueles que deveriam ser os mais capacitados no enfrentamento da epidemia. 

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Sexual transmission of hepatitis C virus among monogamous heterosexual couples: the HCV partners study - Terrault NA, Dodge JL, Murphy EL, Tavis JE, Kiss A, Levin TR, Gish RG, Busch MP, Reingold AL, Alter MJ - Hepatology. 2013 Mar;57(3):881-9. doi: 10.1002/hep.26164 


Carlos Varaldo

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Hepatite C é sexualmente transmissível?

Boa notícia Nº 2:  Hepatite C é sexualmente transmissível?


Hoje enviamos e-mail ao Departamento DST/AIDS/Hepatites para que que na página sobre hepatite C seja retirada do final do texto a TAG que diz ser a hepatite C uma doença sexualmente transmissível, uma DST.

Sempre que uma matéria jornalística colocava que a hepatite C é uma doença sexualmente transmissível e tentávamos uma retração, respondiam que assim se encontrava no site do ministério da saúde, em http://www.aids.gov.br/pagina/hepatite-c  e nada mais podíamos fazer para consertar o erro.

Observamos que muita coisa está mudando para melhor no Departamento DST/AIDS/Hepatites desde que assumiu a nova direção, pois em poucas horas recebemos resposta a nosso e-mail, a página foi imediatamente retirada do ar e, uma nova redação será colocada nos próximos dias.

Já era hora, pois reclamávamos disso há uns 5 anos e nunca fomos atendidos. Obrigado aos novos gestores do Departamento para contribuir a diminuir o estigma e discriminação dos infectados com hepatite C.

Carlos Varaldo

Boa notícia Nº 1: PLS - PROJETO DE LEI DO SENADO, Nº 11 de 2011

Boa notícia Nº 1:  PLS - PROJETO DE LEI DO SENADO, Nº 11 de 2011


Altera a Lei nº 7.670, de 8 de setembro de 1988, e o art.186 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, para incluir os portadores das formas crônicas da hepatite B ou da hepatite C, passando esses a ter todos os direitos que hoje tem os infectados com HIV/AIDS.

Se aprovado o Projeto na Câmara de Deputados os benefícios serão muitos, desde garantia por acesso aos medicamentos até retirada do fundo de garantia, PIS/PASEP, auxilio doença e aposentadoria facilitada.

Tendo sido aprovada no Senado federal, a matéria vai à Câmara dos Deputados em caráter terminativo, isto é, passa pelas comissões sem necessidade de ser votada no plenário. Se aprovada seguirá para sanção da presidente Dilma.

É importante você se inscrever para seguir a tramitação e assim escrever aos relatores de cada comissão quando receberem o projeto para apreciação. Os Deputados recebendo e-mails dos interessados aceleram o processo, não ficando esquecido em alguma gaveta.

Acesse http://www.senado.gov.br/atividade/materia/detalhes.asp?p_cod_mate=99051 e faça o cadastro no Site do Congresso. PARTICIPE!

terça-feira, 25 de junho de 2013

As hepatites nas Nações Unidas

As hepatites nas Nações Unidas


Na última terça-feira a rádio das Nações Unidas -Rádio ONU- deu destaque a duas importantes ações que estão sendo desenvolvidas na hepatite C, epidemia que assola o mundo, já tendo infectado 170 milhões de pessoas.

Três ONGs brasileiras foram entrevistadas para contar as ações que a sociedade civil está realizando, dando destaque para o projeto "Bola começa com B e Campeonato começa com C" que está testando os operários que estão construindo os 12 estádios da Copa do Mundo 2014 e, também, ao lançamento do "World Hepatitis Fund" - Fundo Mundial da hepatite-.

Na testagem dos operários já foram feitos 17 mil testes com uma prevalência de 1,35%, 230 pessoas não sabiam que tinham a hepatite C. A detecção tardia é o que causa muitos óbitos, morrem mais pessoas por culpa da hepatite C que pela AIDS, no Brasil e no mundo.

Também foi anunciado por Humberto Silva o lançamento oficial do "Fundo Mundial da Hepatite", cerimônia que aconteceu a noite em New York com representantes do Brasil, Estados Unidos, Egito, Índia, Paquistão, Reino Unido, Ruanda e México. O fundo não objetiva ser mais uma ONG para se autodenominar líder ou representante das estimadas 2.000 ONGs que lutam pelas hepatites no mundo, pelo contrario, o "World Hepatitis Fund", com sede em New York, captará recursos para ajudar as ONGs e associações de pacientes na realização de campanhas de divulgação e de testagem. Os recursos captados e sua aplicação serão controlados pela maior empresa de auditoria do mundo, a Price Waterhouse Coopers.

Participaram da entrevistana Rádio ONU, Francisco Martucci, presidente da ONG "C Tem Que Saber C Tem Que Curar", Carlos Varaldo, presidente do "Grupo Otimismo de Apoio ao Portador de Hepatite" e Humberto Silva, presidente da "Associação Brasileira dos Portadores de Hepatites".

É longo o caminho, será uma batalha difícil lutando em muitos casos contra governos que estão escondendo a hepatite C a colocando debaixo do cobertor da AIDS. Não pode se admitir que por falta de diagnostico menos de 10% dos infectados saibam da sua condição de saúde. Deveria ser considerado crime esconder da população que se não diagnosticados, 1 de cada 4 infectados com hepatite C vai desenvolver cirrose, câncer de fígado e morrera com aproximadamente 57 anos de idade.

A exceção é Estados Unidos que consciente do custo social e econômico que a progressão da doença ocasiona está realizando uma ampla campanha com a qual pretende encontrar entre 600.000 e 8000.000 infectados. La maioria dos países está cometendo um genocídio com sua população ao não ter a coragem política de enfrentar a hepatite C.

A entrevista na Rádio ONU se encontra em http://www.unmultimedia.org/radio/portuguese/2013/06/ongs-querem-maior-divulgacao-sobre-prevencao-e-cuidados-da-hepatite-c/

Carlos Varaldo

Os motivos de nosso manifesto de apoio ao ministro da saúde

Os motivos de nosso manifesto de apoio ao ministro da saúde


No último dia 11, trinta e uma ONGs que lutam pelas hepatites realizaram um manifesto de apoio ao Ministro Alexandre Padilha pela decisão de exonerar o diretor do Departamento DST/AIDS/Hepatites. Recebemos criticas de ONGs de AIDS. Por isso, para que compreendam nossa indignação estamos explicando o porque não podemos defender o Departamento DST/AIDS/Hepatites, o qual deveria ter cuidado das hepatites com o mesmo ênfase que o faz com a AIDS, mas nesses quatro anos nada fez, como mostram os resultados.

Certamente, ao ler os itens abaixo listados (e não são todos) irão compreender o porque da irritação dos infectados com as hepatites. O descaso e as falsas promessas tem um limite. Esse limite chegou. É necessário dar um basta e o governo, de vez por toda dar inicio a uma estratégia própria para enfrentar uma epidemia que atinge até 3 milhões de brasileiros.

Leiam a seguir o porque as hepatites não são prioridades no Brasil

27/06/1999 - Cartazes de sala serão distribuídos a todos os consultórios odontológicos do Sistema Único de Saúde. Informa por Oficio o Dr. Cláudio Duarte da Fonseca Secretário de Políticas de Saúde / MS - Promessa não cumprida.

29/06/2000 - O diagnóstico da hepatite C pode ser realizado, em uma das 49.260 Unidades Ambulatoriais do SUS - Responde por e-mail o Dr. Cláudio Duarte da Fonseca Secretário de Políticas de Saúde / MS - Passados 13 anos até hoje isso não acontece.

27/11/2002 - O Ministério da Saúde lançou ontem campanha sobre a hepatite, doença grave, mas pouco conhecida pela população. "Com a informação, queremos melhorar tanto a prevenção quanto a rapidez no diagnóstico", afirma o coordenador do Programa Nacional de Prevenção e Controle das Hepatites Virais, Antônio Carlos Toledo. Em 10/12/2002 foi divulgado que uma forte chuva alagou o deposito e danificou todo o material da campanha. A campanha foi suspensa. Alagamento em Brasília?

Maio de 2003 - A primeira campanha é colocada nas ruas, com um cartaz divulgando as hepatites e informando (ou melhor, desinformando) que "todas as hepatites (A, B, C, D e E) apresentam sintomas iguais, como ficar amarelo ou urina escura" e continua afirmando que todas elas se transmitem, entre outras formas, pela boca, pelos alimentos ou pela água, colocando todas por igual quanto a suas formas de contaminação. Poucos dias depois, as ONGs alertam o Congresso Nacional e o Ministro da Saúde sendo o cartaz recolhido e incinerado. Foi um desastre total, um desrespeito a população.

12/11/2003 - A promessa da testagem nos CTAs foi feita pelo Dr. Jarbas Barbosa no encontro dos grupos, com inicio piloto em alguns CTAs em fevereiro de 2004 e total implementação até o mês de julho de 2004. Em 20/12/2004 - O Dr. Jarbas Barbosa em entrevista ao programa Espaço Aberto da GLOBO-NEWS declarou que todos os CTAs do Brasil já estavam testando a hepatite C. Somente em 2012 a promessa foi cumprida totalmente.

Maio de 2005 - Foi feita uma campanha na televisão educativa informando a realização dos testes nos CTAs, porém, praticamente nenhum deles tinha recebido os kits.

08/03/2006 - Em audiência o Ministro da Saúde garantiu que os medicamentos para tratamentos das hepatites, em especial o Interferon Peguilado seriam adquiridos de forma centralizada pelo Ministério da Saúde O ministro saiu e a promessa foi junto. Somente após a denuncia no desvio da aplicação dos recursos pelos estados é que a compra foi centralizada.

11/04/2006 - O PNHV apresenta na Câmara de Deputados o "PLANO TRI-ANUAL DO PROGRAMA NACIONAL DE HEPATITES VIRAIS - ANOS 2006 -2007-2008" onde se informa que pretendem tratar 26.000 casos de hepatite C por ano até 2008 e para tal na página 23 é apresentado um quadro com o aumento de tratamentos oferecidos, sendo: 13.000 tratamentos já no ano 2006, 19.500 tratamentos em 2007 e 26.000 tratamentos em 2008. A promessa nem sequer foi tentada e acabou em fracasso, em 2012 somente 12.000 tratamentos foram realizados no SUS. Projetando o mesmo crescimento até 2012, hoje deveriam estar sendo tratados 54.000 pacientes anualmente.

Setembro de 2009 - O Programa Nacional de Hepatites Virais é extinto e as hepatites são integradas no Departamento DST/AIDS sem ter tido nenhuma discussão com as ONGs ou as sociedades médicas.

24/11/2010 - "Moção de Alerta - Hepatites Virais" apresentada por consenso das ONGs presentes no "IX Encontro Nacional de ONG de Hepatites Virais" em repudio ao fim do Programa Nacional de Hepatites e ter colocado as hepatites aos cuidados da AIDS.

A VERDADE: Número de pessoas de todos os genótipos em tratamento para hepatite C (Dados oficiais fornecidos pelo DAF/Componente Especializado da Assistência Farmacêutica - MS)
AnoNúmero de pessoas em tratamento
2009
10.111
2010
11.628
2011
11.505


Comparando com 2004 é possível ver o "extraordinário crescimento" na oferta de tratamentos - Em 2004, primeiro ano após o nascimento do Programa Nacional de Hepatites Virais, foram tratados 8.216 pacientes (40% com interferon convencional e 60% com interferon peguilado). Tal número de tratamentos é um dado oficial constante no procedimento do Ministério Público Federal confirmado, ainda, pelo Tribunal de Contas da União e aceito como verdadeiro pelo Ministério da Saúde nas diversas contestações realizadas durante o procedimento investigatório sobre o desvio do dinheiro para aquisição do interferon peguilado pelos estados.

2012 - Excluindo retratamentos e tratamentos de co-infectados, receberam tratamento aproximadamente 9.000 novos infectados fica dramaticamente lamentável comparar com os dados de 2004, quando 8.216 (não existia tratamento de co-infectados ou retratamento em 2004) tinham possibilidade de receber o tratamento. Passados 10 anos, um crescimento de somente 10% desde a criação do Programa Nacional de Hepatites Virais.

Medicamentos na lista de estratégicos - Promessa de incluir os medicamentos para hepatites na lista de medicamentos estratégicos feita pelo Departamento DST/AIDS/Hepatites em 2010, repetida em 2011 e reafirmada por Oficio do Dr. Dirceu em 2012, onde afirmava que até o final desse ano a promessa seria cumprida. NÃO FOI, pior ainda, os novos medicamentos agora devem ser requeridos pelo Horus, burocratizando ainda mais o procedimento, aumentando a dificuldade para conseguir o tratamento da hepatite C.

Inibidores de proteases - Portaria publicada em 2012, mas até o momento, finais de junho, a maioria dos estados não pode dar inicio aos tratamentos tamanha as absurdas exigências feitas no texto. O texto é um protocolo padrão FIFA, um sonho megalomaníaco feito somente para inglês ver. Secretários de Saúde pedem flexibilização e o Departamento DST/AIDS/Hepatites nem sequer responde.

Aqui estão apenas alguns exemplos do descaso com a hepatite C, uma epidemia que segundo diversas estimativas atinge 3 milhões de brasileiros.

Não mais é possível admitir que a Constituição Federal esteja sendo desrespeitada. Quando comparamos duas doenças que estão cuidadas pelo mesmo Departamento de DST/AIDS/Hepatites e vemos que na AIDS um de cada 3 infectados recebe tratamento e na hepatite C somente 1 de cada 280 infectados recebe tratamento, onde fica a igualdade, equidade, universalidade e respeito aos direitos humanos dos portadores de hepatite c?

Desde 1999, data da primeira promessa do Ministério da Saúde até 2013 já se passaram 14 anos e neste período as estimativas mais conservadoras calculam em mais de 140.000 as mortes por culpa da hepatite C.


Carlos Varaldo