segunda-feira, 12 de agosto de 2013

A transmissão sexual do vírus da hepatite C entre casais heterossexuais monogâmicos - Um novo estudo



O Departamento de Medicina da Universidade da Califórnia em San Francisco, Estados Unidos realizou uma pesquisa com o intuito de determinar se a hepatite C pode ser considerada uma doença sexualmente transmissível. 

Para tal selecionou 500 casais heterossexuais monogâmicos com relacionamento sexual de longo prazo nos quais comprovadamente somente um dos parceiros estava infectado com hepatite C. Não foram aceitos para inclusão casais em que algum se encontra infectado com HIV/AIDS, hepatite B, transplantados, ou utilizavam qualquer tipo de droga sendo todos informados de determinados comportamentos de risco que deveriam evitar durante a duração da pesquisa, como o de evitar compartilhar itens de cuidados pessoais cortantes ou perfurantes e não praticar sexo fora do matrimonio, pois atitudes desse tipo estariam comprometendo o resultado da pesquisa. 

Todos foram testados pelo RNA/HCV assim como realizaram testes do genótipos e do subtipo do genótipo. Os 1.000 integrantes da pesquisa tinham idades variando entre 26 e 79 anos de idade e o tempo de relacionamento sexual era entre 2 e 52 anos de atividade. 

No geral 4% dos parceiros estavam ambos infectados, representando 20 dos 500 casais, mas como somente 9 casais (1,8%) possuíam o mesmo genótipo e sub-tipo não poderia se atribuir a contaminação ter acontecido entre os parceiros discordantes, se descartando a transmissão sexual dos 11 com genótipos ddiferentes. 

Por seqüenciamento e análise filogenética para determinar a relação das sequencias das estruturas do vírus entre casais genótipo-concordantes foi encontrado que somente 0,6% dos casais eram altamente relacionadas, de acordo com a transmissão do vírus dentro do casal. 

Baseado nos 8.377 pessoas/ano de seguimentos da pesquisa, a taxa de incidência máxima de transmissão sexual da hepatite C foi de 0,07% ao ano, ou cerca da necessidade de 190.000 contatos sexuais para a possibilidade de transmissão sexual em casais heterossexuais monogâmicos. 

Concluem os autores que os resultados fornecem informações sobre o risco quantificado necessário para poder aconselhar casais heterossexuais monogâmicos em que um dos parceiros está infectado com hepatite C. Além do baixíssimo risco estimado de transmissão sexual entre os parceiros sexuais, a falta de associação com praticas sexuais especificas no grupo em estudo fornece mensagens de aconselhamento inequívocas e reconfortantes. 

MEU COMENTÁRIO 

Mais um dos tantos estudos já publicados nas mais conceituadas revistas científicas e apresentados nos congressos internacionais que comprova a baixíssima possibilidade de transmissão da hepatite C na relação sexual. Com mínimos cuidados, entre casais heterossexuais monogâmicos a possibilidade de contagio é tão insignificante que não deve se recomendar mudanças na pratica sexual como, por exemplo, recomendar o uso da camisinha. 

Óbvio que ela pode acontecer se existem condições especificas, como ferimentos nos órgãos sexuais dos dois parceiros, ou se a mulher infectada está no período da menstruação e o homem com ferimentos no pênis, se existem doenças sexuais, como HIV, hepatite B, gonorreia e outras que possam facilitar uma possível transmissão do vírus da hepatite C, quando em todos esses casos a proteção com o preservativo deve ser indicada e até obrigatória, assim também quando o ato é praticado com um profissional do sexo. 

Mas não por isso pode a hepatite C ser considerada uma doença sexualmente transmissível, em especial pelos responsáveis da saúde e profissionais de medicina. Passar desinformação demonstra ignorância e desconhecimento científico daqueles que deveriam ser os mais capacitados no enfrentamento da epidemia. 

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Sexual transmission of hepatitis C virus among monogamous heterosexual couples: the HCV partners study - Terrault NA, Dodge JL, Murphy EL, Tavis JE, Kiss A, Levin TR, Gish RG, Busch MP, Reingold AL, Alter MJ - Hepatology. 2013 Mar;57(3):881-9. doi: 10.1002/hep.26164 


Carlos Varaldo

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