quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Causa indignação, a fala do Dr. Dirceu Greco, Diretor do Departamento DST/AIDS/Hepatites do Ministério da Saúde.

Causa indignação, a fala do Dr. Dirceu Greco, Diretor do Departamento DST/AIDS/Hepatites do Ministério da Saúde, ao declarar textualmente na matéria, o seguinte:

O diretor do Departamento também comentou a pressão para incorporação desses novos medicamentos via ações judiciais, considerando legítima a demanda dos pacientes, mas problematizando o uso dessa opção, que classificou como fruto de pressão dos laboratórios e como um desserviço de grupos da sociedade civil.

Incompreensível, é saber que o Departamento que Dr. Dirceu dirige, oferece convênios financeiros (com dinheiro da UNESCO, UNODC e UNAIDS) às ONGs (Organizações Não Governamentais) interessadas para estruturação de assessoria jurídica aos infectados. Contraditoriamente, o gestor não gosta e critica quando essas ONGs cumprem seu dever e alçam mão dos recursos legais (previstos na Lei) para conseguir medicamentos, aposentadoria ou quaisquer benefícios de direito do cidadão.

Perante tais manifestações parece que o importante é gastar o dinheiro da UNESCO, UNODC e UNAIDS, mas não é necessário fazer qualquer trabalho que beneficie diretamente ao cidadão.

As ONGs não poderiam ficar caladas ou omissas, seja informando os caminhos legais para conseguir o tratamento ou para se manifestar perante asa colocações efetuadas pelo Dr. Dirceu, pois se assim atuassem estariam, sim, prestando um desserviço. As ONGs que assinam este documento estão demonstrando publicamente que são as que realmente trabalham seriamente e honestamente na defesa dos infectados, sem interesse outro que não seja a defesa do paciente.

Perguntamos se: É um desserviço mostrar ao cidadão brasileiro os caminhos para cuidar da sua vida e para obter o tratamento que, constitucionalmente, tem por direito?

Perguntamos, ainda, se: Não constitui um desserviço maior, a existência de um departamento criado em 2002 e que passados nove anos só consegue tratar 11.000 pacientes/ano num contingente de infectados estimados em mais de três milhões?

Questionamos também se agravando a gravidade do problema: Não é vergonhoso que mais de 90% dos infectados ainda não foram diagnosticados e que por isso os casos com os quais nos deparamos estejam em estágios avançados e precisam recorrer à justiça para poder salvar essas vidas com os medicamentos mais eficazes?

Acusar as ONGs de trabalhar por pressão dos laboratórios é uma falácia!

O diretor do Departamento....De acordo com ele, o custo, associado ao tratamento oferecido atualmente (interferon peguilado + ribavirina) pode chegar a 25 mil reais por paciente/ano.

Questionamos também: qual a intenção ao informar um preço exagerado do tratamento atual de R$. 25.000,00 quando pelos custos do Ministério da Saúde a ampola de interferon peguilado está sendo paga na média de R$ 357,00 e a cápsula de ribavirina R$ 0,50, o que resulta num custo máximo em 48 semanas de tratamento de R$ 16.524,00.

Tais inverdades caracterizam um discurso pobre e insensível na tentativa de desprestigiar o movimento social. Pois, se existisse um único medicamento com eficácia e segurança em qualquer lugar do mundo, que tivesse sido pesquisado e descoberto por algum governo, certamente estaríamos lutando e apoiando para aumentar sua fabricação e distribuição.

Em contrapartida, não fossem pelas pesquisas dos laboratórios não existiriam alternativas além do chá de picão, simpatias e algumas orações.

Lutamos e defendemos o que pode curar doenças e salvar vidas nos importando com sua origem legítima, eficaz, segura e com comprovação científica. Acima de tudo, nos empenhamos voluntariamente em salvar vidas.

Não podemos entender as afirmações do Dr. Dirceu, em total dissonância com o que sempre é falado, publicamente, pelo ministro Alexandre Padilha ou pelo secretário Jarbas Barbosa (seus superiores). Ambos se posicionam, verdadeiramente, preocupados com a maior epidemia que assola o Brasil e são conscientes da importância do movimento social.

O posicionamento do Diretor do DST/AIDS/Hepatites demonstra que não está sendo seguida a intenção do Ministro Padilha.

Diante de tais fatos há que se refletir sobre: Quem poderia nesse caso estar prestando um desserviço ao portador de hepatite?

Poderia até serem funcionários do próprio departamento do MS (pagos com o dinheiro dos brasileiros) no momento em deixam de atender muitos pacientes. Sobretudo graves, com F2, F-3 ou F-4 e com indicação médica para tratamento. Pagar com a morte é muito caro ou não?

Estamos cientes da importância da fármaco economia, da nobreza da economia do dinheiro publico, nos resultados na boa aplicação dos recursos públicos, como também sabemos que: ninguém quer perder um parente, precocemente, afetado por uma doença grave que lhe atinge o fígado e que o governo muitas vezes se omite enquanto a constituição garante.

O movimento social como um todo defende os portadores, luta pela melhora da atenção à doença através do acesso de quem realmente precisa do medicamento específico em questão (e não de caixões de defunto). Muitos podem esperar, mas outros não podem.

Quem sempre deve avaliar e está qualificado para isso é o médico, somente ele.

Desclassificar o movimento social pela pseudo “pressão dos laboratórios a sociedade civil” (e não conseguir) é uma atitude, no mínimo simplista. A cooptação, quando existe é negativa em todos os aspectos pela parcialidade que pode proporcionar oriunda de qualquer lado, inclusive quando governamental, tanto a favor ou mesmo contra os pacientes.

Carlos Varaldo

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