terça-feira, 4 de outubro de 2011

Qual o melhor retratamento?


Qual o melhor retratamento? - Saiba como identificar os fatores que podem ter provocado o fracasso do tratamento com interferon peguilado e ribavirina


Chegou à conta para os gestores que não implementaram os obrigatórios centros multidisciplinares para tratamento da hepatite C constantes no protocolo brasileiro. Não será possível identificar a causa do fracasso do tratamento e deverão oferecer a todos os pacientes o retratamento com os inibidores de proteases. A ineficiência dos gestores somada a falta de controle do programa nacional ao não exigir o cumprimento da portaria acaba ocasionando um gasto incalculável ao governo. O dinheiro é pouco e ainda gasto sem controle ou punição.

Mais cedo ou mais tarde uma crença falsa esbarra na dura realidade".
(George Orwell - 1946)


É muito importante para o médico poder desenhar a melhor estratégia do retratamento de infectados que fracassaram a terapia com interferon peguilado e ribavirina descobrirem o que aconteceu com o tratamento, uma tarefa muitas vezes difícil devido à falta de registros precisos no histórico do paciente.

O médico poderá com alguma certeza identificar um paciente recidivante, ou seja, o que terminou o tratamento indetectável, mas aos seis meses após o final do tratamento o vírus está novamente presente no resultado da carga viral.

Mas certamente não terá a mesma facilidade para identificar com certeza se o paciente foi um respondedor parcial (não respondedor) ou um respondedor nulo. Para identificar um não respondedor ou um respondedor nulo é necessário dispor da redução exata da carga viral nas primeiras semanas do tratamento, incluindo a cinética viral. A carga viral antes do inicio do tratamento deve ser da semana anterior e não de 2 ou 3 meses antes e, durante o tratamento, deve se avaliar se na semana 12 e 24 o exame foi realizado no dia seguinte a aplicação do interferon peguilado ou depois de 5 ou 6 dias. Pela cinética viral isso faz toda a diferença!

Também, existem registros sobre as dosagens dos medicamentos e os horários reais de administração, em especial da ribavirina? Sem certeza desses dados o médico somente poderá realizar subjetivamente o que aconteceu, mas nunca poderá prognosticar a possibilidade de resposta ou a possível duração do retratamento utilizando os inibidores de proteases.

Seja sincero e responda se é possível com absoluta certeza conhecer as seguintes questões:

- O prontuário (histórico clínico) é suficientemente preciso quanto a tudo o que aconteceu durante o tratamento fracassado?

- O paciente foi avaliado nos momentos precisos e críticos para avaliar a terapia?

- Os exames realizados eram padronizados?

- Quando perguntado ao paciente, ele lembra, tem lapsos de memória ou fala a verdade quanto à adesão as dosagens e horários de administração?

- O transporte, armazenagem e aplicação do interferon peguilado seguiu as normas corretas?


OK, o desafio está lançado, mas pessoalmente afirmo que será impossível identificar quem deve ser retratado. Por falhas provocadas pela falta de controle nos tratamentos, todos terão direito ao retratamento com os inibidores de proteases.

Ainda, o grau de fibrose e a cirrose também influenciam, mas para não confundir estarei escrevendo um artigo especifico para tal nos próximos dias.

Carlos Varaldo

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