domingo, 23 de outubro de 2011

AASLD publica uma revisão das recomendações de tratamento com Boceprevir e Telaprevir


AASLD publica uma revisão das recomendações de tratamento com Boceprevir e Telaprevir

A Associação Americana para o Estudo das Doenças do Fígado (AASLD) atualizou as diretrizes para o tratamento do genótipo 1 da hepatite C com a utilização do Boceprevir e Telaprevir, conforme publicação na revista “Hepatology” que pode ser acessada na integra em http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/hep.24641/full

As novas diretrizes tiveram a aprovação da American Association for the Study of Liver Diseases (AASLD), da Infectious Diseases Society of America (IDSA), do American College of Gastroenterology, e da National Viral Hepatitis Roundtable.

As novas diretrizes são categóricas na recomendação de que todos os pacientes infectados com o genótipo 1 que não apresentem contra-indicações deverão receber tratamento com a combinação de interferon peguilado, ribavirina e um dos dois inibidores de proteases, o Boceprevir ou o Telaprevir.


TRATAMENTO COM BOCEPREVIR

Em pacientes nunca antes tratados a dose recomendada de boceprevir é de 800 mg administrado com alimentos 3 vezes por dia (a cada 7 - 9 horas), juntamente com interferon peguilado e ribavirina conforme o peso do paciente. Durante as 4 primeiras semanas o tratamento é realizado somente com o interferon peguilado e a ribavirina e na semana 5 entra o Boceprevir para completar o tratamento em 28 ou 48 semanas conforme a resposta na carga viral.

Os pacientes sem cirrose que conseguem negativar (indetectavel) nas semanas 8 e 24 podem ser tratados em somente 28 semanas. Pacientes com cirrose devem receber tratamento durante 48 semanas.

O retratamento com boceprevir pode ser recomendado a pacientes recidivantes ou não respondedores a um tratamento anterior realizado com interferon peguilado e ribavirina.
O tratamento ou retratamento deve ser interrompido se a carga viral se encontra superior aos 100 UI/ml na semana 12 do tratamento ou si se encontra positiva (detectável) na semana 24 do tratamento.

Pacientes em retratamento com boceprevir mais interferon peguilado e ribavirina que continuam a apresentar uma carga viral superior a 100 UI/ml na semana 12 devem interromper imediatamente o tratamento, devido à alta probabilidade de desenvolver resistência aos medicamentos antivirais.


TRATAMENTO COM TELAPREVIR

Em pacientes nunca antes tratados a dose recomendada de telaprevir é de 750 mg administrado com alimentos gordurosos consumidos 30 minutos antes do medicamento, 3 vezes por dia (a cada 7 - 9 horas), juntamente com interferon peguilado e ribavirina conforme o peso do paciente durante as primeiras 12 semanas do tratamento. A partir da semana 12 o tratamento continua somente com interferon peguilado e ribavirina. Conforme os resultados de carga viral, o tratamento terá uma duração de 24 ou 48 semanas.

Os pacientes sem cirrose que conseguem negativar (indetectavel) nas semanas 4 e 12 podem ser tratados em somente 24 semanas. Pacientes com cirrose devem receber tratamento durante 48 semanas.

O retratamento com telaprevir pode ser recomendado a pacientes recidivantes, não respondedores ou nulos de resposta a um tratamento anterior realizado com interferon peguilado e ribavirina.

O tratamento ou retratamento deve ser interrompido se a carga viral se encontra superior aos 1.000 UI/ml nas semanas 4 e 12 do tratamento ou si se encontra positiva (detectável) na semana 24 do tratamento.

Pacientes em retratamento com telaprevir mais interferon peguilado e ribavirina que continuam a apresentar uma carga viral superior a 1.000 UI/ml na semana 4, ou na semana 12 devem interromper imediatamente o tratamento, devido à alta probabilidade de desenvolver resistência aos medicamentos antivirais.


RECOMENDAÇÕES GERAIS

A AASLD recomenda que no desenvolvimento de anemia com qualquer um dos inibidores de proteases a dosagem de ribavirina deve ser diminuida.

Em caso de um aumento da carga viral  superior a 1 log em qualquer etapa do tratamento os inibidores de proteases devem ser imediatamente retirados do tratamento.

Pacientes que não conseguem sucesso com um dos inibidores de proteases não devem ser novamente tratados utilizando o outro inibidor de proteases.


MEUS COMENTÁRIOS

As recomendações são para os Estados Unidos.  Por exemplo, nos casos de anemia os americanos não estão acostumados a utilizar a eritropoetina, como usualmente é utilizada no Brasil e em outros países.  Qual será o procedimento que deveremos adotar?  Seguir a recomendação da AASLD ou utilizar a eritropoetina?

Identificar um paciente nulo de tratamento ou um não respondedor será impossivel em varios países, pois não existem registros exatos e confiaveis em relação a como foi realizado o tratamento com interferon peguilado e ribavirina.  A aderencia foi boa?  O interferon foi armazenado corretamente, na temperatura correta?  A ribavirina era de primeira marca ou generica?  

No único caso em que se pode ter certeza da perda de tratamento será nos recidivantes, já que eles terminaram o tratamento negativos (indetectaveis) e nos seis meses seguintes o virus reapareceu.  Somente neles é que o tratamento poderá ser realizado como terapia guiada.

Carlos Varaldo

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