sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Capacitação nos inibidores de proteases


Capacitação nos inibidores de proteases
No final de semana duas dúzias de ONGs e associações de pacientes de todo Brasil participaram de uma capacitação na utilização dos inibidores de proteases no tratamento da hepatite C.
O assunto é extremamente importante já que os novos medicamentos Telaprevir e Boceprevir estarão fazendo parte do tratamento provavelmente nas próximas semanas existindo alguns problemas para os quais as associações de pacientes passarão a ter um papel fundamental na educação dos pacientes que recebam o tratamento.
São realmente medicamentos revolucionários por aumentar enormemente a possibilidade de cura aos infectados com o genótipo 1, seja para o tratamento de pacientes nunca antes tratados como para todos aqueles que fracassaram e necessitam urgentemente de um retratamento.
Porem, e sempre existe algum porem, o tratamento complica muito, tanto para os médicos poderem acompanhar corretamente o andar do tratamento, como para os pacientes em relação aos novos efeitos adversos que estarão acontecendo.
Os médicos, que hoje se guiam por uma espécie de receita de bolo, tratando todos os infectados com o genótipo 1 com a combinação de interferon peguilado e ribavirina por 48 semanas e realizando cargas virais nas semanas 12 e 24, deverão aprender a lidar com mais dois esquemas de tratamento que diferem totalmente entre eles.
O profissional de saúde que atenda pacientes com os três esquemas de tratamento, o atual e os novos, poderá, caso não esteja totalmente conhecedor das terapias, cometer erros de avaliação no referente ao andamento do tratamento e dos controles que devem ser realizados.
Se em um dos novos medicamentos o valor da carga viral para controle é de 100 UI/ml, no outro é de 1.000 UI/ml. Se em um deles o que interessa de forma fundamental é o resultado na semana 4, 8, 12 e 24, no outro o que interessa é na semana 4 e 12.
Pior ainda são os efeitos adversos com que terão que lidar em alguns pacientes, efeitos tais como problemas dermatológicos (rash cutâneo), pruritus, hemorroidas, diarreia, desconforto anal, perda do paladar, vômitos, etc. etc.. Efeitos esses diferentes para cada novo medicamento e alguns deles podem ter graves consequências.
Também, não todos os infectados podem receber os novos medicamentos, existindo diversos grupos de pacientes que por enquanto não poderão ser medicados. Também as inter-relações com uma serie muito ampla de medicamentos será uma condição impeditiva que o médico deverá conhecer e pesquisar caso a caso. É de se esperar que muitos pacientes não possam receber os medicamentos, sob risco inclusive de morte.
Já os pacientes passarão a ser responsáveis pelo sucesso ou perda do tratamento. Além do interferon peguilado e da ribavirina os inibidores de proteases possuem o inconveniente que devem ser ingeridos a cada oito horas, pior ainda, para que façam efeito o Boceprevir deve ser ingerido junto com uma refeição leve e, o Telaprevir com uma refeição gordurosa que deve ser ingerida 30 minutos antes do medicamento.
Não podem ser ingeridos com um intervalo menor de sete horas e nunca maior que nove horas, com alto risco de criar resistência e perder o tratamento se esquecem de alguma dose ou não respeitam os intervalos corretamente.
Resumindo, a educação dos pacientes será fundamental e as associações de pacientes passarão a ser de fundamental importância no apoio que muitas vezes os médicos não podem oferecer no escasso tempo de uma consulta.
O paciente deverá conhecer totalmente como deve proceder e ao mesmo tempo avaliar como está correndo seu tratamento para procurar e discutir rapidamente com o médico sempre que for necessário.
DIREITOS E ACESSO AOS NOVOS MEDICAMENTOS
Durante duas horas um grupo de advogados debateu sobre os direitos dos pacientes em relação aos novos medicamentos e a forma como poderão aceder aos mesmos. Informações sobre esse tema serão disponibilizadas brevemente.
COMENTÁRIO: A capacitação aconteceu na cidade de São Paulo nos dias 8 e 9 de outubro, uma iniciativa da AIGA – Aliança Independente de Grupos de Apoio durante sua assembleia geral, convidando inclusive grupos de pacientes não associados.
A “AIGA - ALIANÇA INDEPENDENTE DOS GRUPOS DE APOIO” e uma rede formada pelos principais grupos de pacientes que luta pelos Direitos Humanos e o Controle Social nas Hepatites, objetivando a capacitação e troca de experiências. O site da AIGA se encontra no endereço www.aigabrasil.org
Carlos Varaldo

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